domingo, dezembro 22, 2024
Esporte e saúde

Amigos do Mestre: conheça sobre a origem do grupo de ciclismo

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Chegamos ao prédio de Jaime Queiroz, mais conhecido como Mestre, no início de noite. Um senhor alegre surge em nossa frente, cumprimentando todos que o chamam por seu apelido. Não tinha recepção melhor para iniciar essa entrevista.

O que vale dizer no início do texto é que Jaime ama a vida. Ele é aquele tipo de ser humano que muitos usam como exemplo, por sua postura para com o outro, sua dedicação em viver da melhor forma e também, por suas histórias super interessantes. Em mais ou menos uma hora de conversa, nós ouvimos sobre sua trajetória, rimos e sim, nos emocionamos ao conhecer esse cara tão incrível. E entender perfeitamente porque é tão amável.

Mas, vamos lá! Você conhece o Jaime? Caso não, ele faz parte do grupo de ciclismo Amigos do Mestre, que se une duas vezes por semana no bairro do Imbuí. Os encontros ocorrem às segundas e quartas, às 20h30.

Embora tenha começado a pedalar com frequência há quase nove anos, o Mestre já mantinha uma boa relação com o esporte em si. “Eu só corria na avenida Paralela e um dia vim morar aqui. Fui o primeiro morador do condomínio, logo em 2010. Um dia um morador, Campelo, me indicou uma bike para que eu comprasse”, explica.

Jaime também conta que seu amigo foi importante para mostrá-lo esse mundo do ciclismo: “Eu fiz meu primeiro pedal em 4 de julho de 2010, na avenida Paralela, sem equipamentos de proteção e sem sinalização. Agradeço a Campelo por ele ter me apresentado a esse mundo do pedal. Foi assim que entrei no primeiro grupo, intitulado ‘Narandiba’”.

A origem do apelido

O atleta explica que conforme foi se aprimorando, chegou um momento em que seu ritmo não estava em paralelo ao grupo que participava, o que fez tomar a atitude de montar uma nova equipe. “Chamei meus companheiros e montei o grupo chamado “Pé de Vela”, mas eles em silêncio fizeram uma surpresa para mim: produziram uma camisa com o nome “Amigos do Mestre”, a partir disso começaram a me chamar de Mestre”, foi assim que surgiu o apelido que hoje é utilizado até no condomínio em que Jaime reside.

Embora tenha um grupo com seu nome, o ciclista diz que isso não é motivo para deixar de conhecer outras equipes que atuam em Salvador. “Eu pedalo em todos os tipos de grupos [de pedal] da nossa cidade, não faço discriminação de nenhum. Se der para pedalar, eu vou. Só não posso estar em todos ao mesmo tempo, porque os grupos de ciclismo estão crescendo demais”, celebrou.

Questionado se já se inscreveu em algum tipo de torneio realizado na cidade, o Mestre critica: “Não participo de maratona, sou contra. As empresas deviam incentivar o esporte amador, não é justo. Realizei três corridas no Doron, ninguém me ajudou com nada, tive que mobilizar tudo”.

“Sangue nos Zóios”

Jaime relata que a ideia inicial de montar uma equipe foi para que atletas interessados a fazer percursos mais intensos e extensos pudessem se reunir. Visto que, quando os ciclistas estão em um grupo abaixo do seu desempenho, é necessário reduzir para acompanhá-los. Porém, isso não é motivo de desmerecimento, já que segundo o próprio Mestre, cada um entende do seu condicionamento.

O Mestre conta que sua equipe reduziu de uns tempos para cá, mas sem tristeza: “No meu grupo tinha umas 80 pessoas, mas hoje eu faço com uma equipe ‘Sangue nos Zóio’ que possui de 15 pessoas para baixo, porque é muito forte. Eu brinco que os meus colegas devem cuidar do grupo porque um dia não vou conseguir acompanhá-los (risos)”.

A rotina intensa

Jaime conta que embora o grupo se encontre apenas duas vezes por semana, o percurso é longo e deve ser feito com agilidade. “Meu grupo sai da praça do Imbuí toda segunda e quarta, às 20h30. São pedais fortes, para pessoas bem condicionadas. O roteiro é de minha competência, mas divido com meus companheiros do pedal. Tem dias que eles montam o roteiro. Normalmente saímos do Imbuí até o pedágio, às 22h temos que estar de volta”, explica.

Pedimos a Jaime que explicasse para a gente como funciona um de seus roteiros e a surpresa é certa: os Amigos do Mestre visam usar e abusar do pedal. “Quando pedalamos na cidade, vamos na Ribeira. As vezes eu saio, subo a ladeira da Barra, sigo pelo Campo Grande, avenida Sete, Pelourinho, Santo Antônio Além do Carmo, caio no Barbalho e sigo para Soledade, Liberdade, Pero Vaz, IAPI, Pau Miúdo, Barros Reis, Iguatemi e finalizamos aqui no Imbuí”, conta.

Segundo o ciclista, os interessados precisam saber pedalar, ter os equipamentos de proteção e sinalização, além de estar bem condicionados. “Sempre aconselho que eles tenham um cardiologista, eu tenho dois! Uso marcapasso e tenho um endocrinologista também, se não a vaca vai pro brejo”, brinca, e ainda acrescenta que qualquer pessoa que chegar no grupo será bem recebida.

Companheirismo do amigo “solitário”

Entre as histórias contadas por nosso entrevistado, estava uma situação de como uma amizade iniciou. Jaime nos explicou que no Imbuí há um ciclista conhecido como “Solitário”. Em um dia, o Mestre o chamou para participar do pedal. O Solitário, então, perguntou de quem era a equipe. Jaime prontamente respondeu: “é nossa”.

O Solitário logo disse que costumava pedalar sozinho. Jaime respondeu que a partir daquele momento, o ciclista iria ter um grupo. “Ele se tornou um companheiro. Nos dias que fazemos pedal forte a noite, ele sempre me dá suporte, se preocupa comigo assim como os outros, devido a minha idade. Ele sempre fica na retaguarda para cuidar de mim. Todos sempre se preocupam comigo”, acrescenta o Mestre.

Jaime também conta que essa preocupação e o companheirismo se estende a todos do grupo. Ele nos explicou que não importa o empecilho que surja, eles permanecem unidos: “Se uma pessoa quebrar uma bike, nós tentamos resolver. Se não tiver conserto a gente busca algum jeito, mas ninguém sai até a situação solucionar”.

Como participar do grupo Amigos do Mestre

Ficou interessado em se unir à equipe? Os Amigos do Mestre se reúnem todas às segundas e quartas, às 20h30. Para participar não é necessário pagar nenhum tipo de taxa. O atleta deve possuir uma bike, equipamentos de proteção e sinalização, além de ter bom condicionamento físico.

Foto: Arquivo Pessoal


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